segunda-feira, 14 de junho de 2010

culpo o favo holandês.
perdi a lista de palavras deste domingo
quem eu culpo?

fato

fui ontem à quermesse
subi sozinha a cardeal que também estava sozinha
tomei caldo de feijão, comi cachorro-quente, bolinho de bacalhau
canjica, favo holandês (não estava bom)
minha amiga não chegava e eu comia
olhava as pessoas
as famílias
e não sofria
nem mesmo tive memórias das quermesses de caçapava
era dia de santo antônio
não fiz pedido algum para santo antônio
não tava afim...
minha amiga chegou conversamos um pouquinho...
combinamos nos ver na semana.

voltei pela cardeal
sozinha.

rascunho - algum número...

talvez o meu cheiro não esteja tão bom, talvez seja melhor lavar-me com água, sabão e pudor.
deixar-me quieta
exígua
esquecida
talvez não olhe para o teto do meu quarto
no meu olhar míope
desfocado
talvez pinte-o de outra cor
talvez não seja mais um pedaço
um avulso de mim
sou avulsa
satisfaço-me nesse silêncio
não que seja o amor
é antes a ovulação
tão somente
uma questão biológica
determinada antes que a solidão
a solidão não é
biológica
é perene
imbecil
minha pele. 

quarta-feira, 9 de junho de 2010

MANTENHA A PORTA
FECHADA E TARAMELADA

segunda-feira, 7 de junho de 2010

rascunho II: sobre o amor

eu amo pela boca
não há outra forma de amar a não ser pela boca
entro pela cavidade bucal do ser amado e instalo-me
lá convivo com as comidas, dentes, língua, saliva, restos, palavras, ar, hálitos
(é, os hálitos...)
esse é o amor real, cru, profundo, essencial.

ocorre que em outra etapa também abocanho o ser amado

deixo-o na minha boca
sou sem papo, por isso o instalo

na minha boca.

se acabar o amor
regurgito.

rascunho

vou inserir algo muito bonito no meu coração
serei leve, pluma misteriosa, afável
piscarei delicadamente, em slow motion
doce doce doce
como fui algum outro dia
doce doce doce
como a pipoca de nescau
em alguma praça no rio.

apontamentos de uma segunda-feira. o trabalho vem depois...

fiz a lista de palavras e frases...
irrevogável
dilatação
apequenam (apequenar)
infrutífero
minareti
concepção medieval do tempo: absoluto, linear
tempo serial - tempo cancelado

o que afirma a desordem?

e agora corro atrás de um encaixe das imagens, do meu sentido, deslocadas dos textos que as compilei.
tratarei de resolver algum projeto?
copiáveis?
cora coralina lia dicionários, lenda? ele falou e eu acreditei, como em quase tudo, como na monogamia.
não entendia
a monogamia, como me disse ana, era regional!
uma em são paulo e outra em brasília.

tivesse um amor agora e não retomaria essa maçada.



segunda é o eterno nó.
proibo as segundas
não trabalho às segundas
recuso-me recuso-os às segundas.
me enovelo às segundas
sou uma merda às segundas.



tirei a palavra vagina de um poema de 2000, confesso que consegui um verso melhor, após 10 anos!
exclui do blog o poema confissões de uma buceta
estou ficando moralista, estranha, professora?

(amanhã excluo esses...)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

não quero ser tão diária e nem tão explícita.
acabo não resistindo.
temo banalizar-me e àqueles a minha volta.
ficarei caladinha e voltarei ao papel, meus cadernos, somente eles?
incomodada? na minha insônia criou-se outra: filmefobia de kiko goifman.
por que a levo adiante hoje, horas depois, sonhos depois? porque ainda não fui tomar um lanchinho com a gisa e o antonio, porque ainda não fomos à livraria, porque em algum momento deixarei esse assunto para outra hora propícia.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

nostálgica (ou sem assunto)

 um


desculpe-me, senhor. lembrou-me outro. a sua gengiva... como a de m. os lábios arcados. os dentes. o senhor fuma, não é? é cinza como m. devem ter a mesma idade. não, o senhor parece-me mais velho. o senhor me desculpe. tenho idade para ser sua filha, mas estava pensando em ser sua amante. estou nostálgica. e não é necessariamente a saudade.
posso olhá-lo mais um pouco? a próxima estação é a minha.



um outro

mora num apartamento do copan
e tem gato
deve ter morado no rio
deve ter vindo do recife
uma vó morta em teresópolis
(eu não tenho certeza das cidades)
casou-se duas vezes
da última ficou sem os eletrodomésticos
um homem que mora no centro e tem gato
não quer companhia
(é) improvável.

(não sei por que lembrei-me desse homem agora)