segunda-feira, 7 de junho de 2010

rascunho II: sobre o amor

eu amo pela boca
não há outra forma de amar a não ser pela boca
entro pela cavidade bucal do ser amado e instalo-me
lá convivo com as comidas, dentes, língua, saliva, restos, palavras, ar, hálitos
(é, os hálitos...)
esse é o amor real, cru, profundo, essencial.

ocorre que em outra etapa também abocanho o ser amado

deixo-o na minha boca
sou sem papo, por isso o instalo

na minha boca.

se acabar o amor
regurgito.

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